Ingrid Ribeiro. Tecnologia do Blogger.
RSS

Conheça a toxoplasmose a desfaça mitos


Entenda como é a doença que, erroneamente, muitos profissionais de saúde associam apenas aos gatos

Por Marisa Moraes
Falar em toxoplasmose não é um assunto dos mais simples. Há muita mistificação em torno do tema e os principais afetados são sempre os gatos. É comum ver um obstetra dizer a uma mulher grávida que ela precisa se desfazer de seu gato, sob pena de por em risco a saúde do seu bebê. 
Profissionais que se apóiam em mitos ultrapassados como esse certamente não estão se atualizando corretamente na sua profissão. Há muito tempo o gato deixou de ser o grande vilão da toxoplasmose. Sim, o animal pode transmitir a doença. Mas é preciso saber em quais condições e que há outros meios de transmissão muito mais perigosos. 

Antes de começarmos a tratar deste assunto tão polêmico, vamos passar por algumas definições. A toxoplasmose é uma zoonoze, trata-se de uma doença transmitida aos homens pelos animais. Ela é causada por um protozoário chamado ‘’Toxoplasma gondii’’ e ocorre em uma grande variedade de animais de produção ou de estimação, como aves, bois, ovelhas, porcos, cabras, gatos, cães, animais silvestres e a maioria dos animais vertebrados terrestes.
Estes animais podem se infectar através da ingestão de outros animais já contaminados pelo toxoplasma gondii, no contato direto com a terra contaminada ou pela ingestão de água contaminada.
Com excessão do gato, os outros animais não eliminam o parasita para o ambiente. Isto é, após a contaminação, o parasita passa por um ciclo de vida no organismo do animal, até que este organismo desenvolva imunidade e o parasita, em uma forma latente, se aloje nos músculos deste animal. Ali podem permanecer por muitos anos.
No tocante aos gatos, eles se contaminam principalmente pela ingestão de pequenos animais ou insetos como ratos, lagartixas,  pássaros ou carne crua de animais que já estejam contaminados. O mito sobre esta doença ao redor dos gatos existe porque os felinos são os únicos animais que eliminam os ‘’ovos’’ (oocistos) deste parasita para o ambiente.
Isto se dá através da fezes. Porém, para que as fezes se tornem contaminantes, devem permanecer em contato com o ar por um período de 5 dias. Os gatos portadores da toxoplasmose só eliminam fezes contaminadas por uma vez, durante um período  de até 2 semanas.
Após este período adquirem imunidade e, em geral, não voltam mais a eliminar os ovos nas fezes, mesmo se forem recontaminados. Somente em casos de queda da imunidade geral do felino, eles podem voltar a excretar fezes contaminadas. Porém, durante uma segunda infecção, o número de ovos excretados é muito menor do que na primeira infecção.
 
A maioria dos gatos que caçam, ou seja, vivem livres, são frequentemente expostos ao Toxoplasma gondii, se mantendo, portanto, imunes. Ou seja: de tanto conviver com a doença, eles adquirem imunidade contra ela. 
Frequentemente os donos de gatinhos de estimação solicitam orientação aos veterinários sobre a toxoplasmose. Segundo relata a veterinária Cristiane S.Martins no livro Medicina e Cirurgia Felina, “se boa parte dos profissionais da saúde ainda possui muitas dúvidas a respeito das modalidades da infecção humana, do perigo potencial deste parasita nos vários segmentos da população em risco e do verdadeiro papel do gato doméstico na transmissão da doença”. Não é de surpreender assim que a população de maneira geral esteja mal informada a respeito do problema. Dessa maneira, muitos médicos e veterinários ainda fazem recomendações, quanto aos animais de estimação, baseadas, muitas vezes, em preconceito e desinformação.
 

Qual é o papel do gato na transmissão da toxoplasmose?
O contágio do ser humano se dá principalmente pela ingestão de leite (principalmente de cabra) “in natura” (ou seja, sem pasteurização); carnes (pincipalmente carnes de porco, cabrito, carneiro e coelho) cruas ou mal cozidas; água contamida (de locais onde não há saneamento básico); frutas e verduras mal lavadas ou pelo contato com terra ou areia contaminadas por fezes de aimais doentes.
O simples ato de temperar um bife usando as mãos pode ser uma forma de contágio. Os utensílios utilizados no preparo das carnes, se não forem bem lavados, também representam uma possibilidade de ficar exposto à doença.
A infecção nas pessoas normalmente passa despercebida, sendo detectada somente através de sorologia. Em 10% à 20% destas pessoas são percebidos alguns sintomas como febre, dores de cabeça e dores musculares. Muitas vezes, devido a similaridade dos sintomas, estas infecções são diagnosticadas como gripe.
Apesar do mito que se criou em torno deste assunto, é pouco provável que uma pessoa contraia a doença pelo contato direto com um gato contaminado.
Para que ocorra o contágio é necessário que se consuma uma alimento que teve contato com as fezes que contenham ‘’ovos’’ contaminantes e que estas fezes tenham ficado expostas ao meio ambiente por 5 dias.
Sendo assim, o contato com as fezes frescas não é capaz de de causar a infecção.
Portanto, hábitos simples de higiene como limpar a caixa de areia diariamente lavando as mãos em seguida, lavar as mãos e os alimentos antes da refeição são importantes para se evitar a doença.
Geralmente as fezes do gato sadio são firmes. A menos que o gato esteja doente muito pouco ou nenhum resíduo de fezes ficará na região perianal. Outro fato é que normalmente os gatos não estão diarréicos durante o período que excretam os ‘’ovos’’ contaminantes.
Por causa do conhecido hábito de limpeza dos felinos, não se encontra resíduos de fezes em sua pelagem. Portanto, a chance de transmissão da doença por acariciar um gatinho ou tê-lo como seu animal de estimação é mínima ou inexistente.
Desta forma, conclui-se que o meio mais provável de contato do humano com a doença se dá através do contato direto com a terra ou água contaminada, um exemplo: caixas de areias de parques e praças públicas, já que é habito dos felinos enterrarem suas fezes na terra fofa ou areia..
Os insetos, como as baratas, também devem ser considerados como uma forma de contágio, visto que estas podem contaminar diretamente os ambientes, e manter a contaminação de ratos e gatos, inclusive os domésticos, devido ao hábito de caçar e ingerir baratas.
 
Gravidez e toxoplasmose: desvendando mitos
Veja o que é verdade ou não no perigo de grávidas conviverem com os felinos
Por Marisa Moraes
Um casal é feliz com seus dois gatinhos. Ai ela engravida e a primeira recomendação do seu médico obstetra é: “livre-se do seu gato, ele pode transmitir toxoplasmose, doença que vai matar o seu bebê”. Infelizmente, trata-se de um profissional desinformada das novidades da pesquisa acadêmica que, como contamos na reportagem anterior, há muito deixou de considerar o gato o principal vetor de transmissão da doença. 
De fato, o contágio pela toxoplasmose durante o período de gestação pode causar aborto, má formação fetal, sequelas neurológicas e problemas oculates. Como a maioria das pessoas atribui de cara somente ao felino a culpa pela transmissão da doença, a maioria das mulheres grávidas se preocupa apenas com a presença de gatinhos em casa e ignora outros fatores muitos mais perigosas, como a devida higiene no trato com carnes na cozinha, por exemplo. 
Hoje já se sabe que as futuras mamães podem conviver tranquilamente com seus animaizinhos de estimação sem correr risco algum de contrair a doença, tomando certos cuidados e adquirindo alguns hábitos de higiene bastante simples.
Normalmente os médicos ginecologistas e obstetras solicitam um teste sorológico de toxoplasmose para as futuras mamães. Se possível, o teste sorológico deve ser feito antes da gestação. A sorologia pode ser feita também nos gatinhos. 
O casal Ana Paula e Daniel, por exemplo, fez a sorologia neles e na gatinha July, para garantir tranqüila durante a gestação de Sofia, hoje com 4 anos. “Achamos melhor garantir, mas mesmo que o resultado fosse preocupante, a July ficaria conosco. Tomaríamos os cuidados necessários, mas nunca daríamos nossa gatinha”, afirma Ana Paula. 
O resultado sorológico positivo indica que o indivíduo (mulher e/ou gatinho) já teve contato com o Toxoplasma gondii anteriormente e que, provavelmente, é imune à doença. Se a mãe já estava infectada antes da gestação, o feto estará protegido da infecção.

A realização da sorologia da toxoplasmose nos gatinhos da casa, pode ajudar a determinar quais ações vão ser tomadas para proteger a futura mamãe e seu bebê. Se o resultado da sorologia for “não reagente” significa que o gatinho nunca teve contato com o parasita. Neste caso, alimentar o gatinho somente com ração apropriada e água limpa, e manter o animalzinho dentro de casa, praticamente eliminam o risco de contágio.
As recomendações do Dr. Carlos Roberto Izzo, médico ginecologista especializado em reprodução humana em São Paulo, para as futuras mamães que tenham gatinhos, é que elas não limpem as caixinhas sanitárias. “Esta tarefa deve ser designada a um outro membro da família ou a futura mamãe deve usar luvas grossas”, conta o médico. 
Ele recomenda também que o gatinho não frequente o quarto e, principalmente a cama, da gestante e que não seja permitido ao felino subir nas pias da cozinha e banheiros pelo possível risco de contaminação da comida ou  utensílios.
Angélica Klaussner, médica veterinária responsável pelo tratamento de todos os gatinhos do Adote um Gatinho, recomenda também que a gestante passe para outra pessoa da família limpar a caixinha sanitária dos gatinhos. Caso isso não seja possível, ela recomenda que a futura mamãe use luvas de borracha ao executar esta tarefa e que, em seguida, as lave com água e sabão.
O médico veterinárioRoberto Dela Madrid Gomes, concorda que certos cuidados devem ser tomados, pois a prevenção é o melhor remédio. Comenta, porém, que não se pode exagerar e criar um mito ao redor da questão. Ele recomenda, para os casos dos gatinhos portadores da doença, que os cuidados sejam redobrados. “Afastamento temporário do animal, somente em último caso e abandono, nunca”, afirma o médico. “Não é preciso e, pelo contrário: animais e bebês podem conviver e fazer muito bem um ao outro”, conta. 
A veterinária Cristiane S. Martins conlcui, no capítulo ‘’Zoonoses Felinas: Mitos e Verdades’’ do livro Medicina e Cirurgia Felina, que uma série de medidas simples deveriam ser tomadas para evitar o contágio com a toxoplasmose mas muitas vezes são ignoradas pois se leva apenas em consideração a presença de gatos na casa.
Diz, ainda, que diversos estudos têm demosntrado que possuir um gato como animal de estimação, ter contato com gatos perto de casa ou trabalhar com gatos num hospital veterinário, por exemplo, não aumenta a chance de contrair a doença.
Observando todos esses aspectos, dá pra ter a certeza de que a recomendação de eliminar o gatinho é fruto de ignorância e desinformação. E tenha muito cuidado: a mídia não costuma se informar sobre o assunto e ajuda a disseminar o mito. A revista Viver Bem, da Natura, por exemplo, publicou na sua edição de Abril uma dica que dizia que grávidas não deveriam conviver com gatos. Notificada sobre o assunto, a empresa reafirmou a posição. O Adote um Gatinho lamenta esse tipo de postura e recomenda cuidado com o que a mídia e as grandes companhias dizem. Informe-se com seu médico e com seu veterinário e mantenha sempre o seu companheiro com você. Um amor de gato é pra sempre, não se esqueça.
Lembre-se dos hábitos simples que garantem a não-contaminação da toxoplasmose:
  • Lavar muito bem as mãos com água e sabão após o contato com carne crua;
  • Lavar superfícies como pias, tábuas de carne e outros utensílios com água e sabão;
  • Antes de ser consumida a carne deve ser cozida (considera-se que o preparo da carne em microondas não é eficaz, devido ao cozimento desigual);
  • Evitar o hábito de experimentar a carne durante o cozimento ou embutidos caseiros em fase de maturação;
  • Frutas e verduras devem ser cuidadosamente lavadas pois podem estar sujas com terra contaminada;
  • Usar luvas durante as atividades de jardinagem e lavar muito bem as mãos logo após;
  • Limpar diariamente a caixa sanitária do gato, pois assim as fezes são removidas antes que os ‘’ovos’’ possam se tornar contaminantes;
  • Não alimentar os gatos com carne crua ou parcialmente cozidas, vísceras ou ossos e não permitir que saiam de casa para que evitem o hábito da caça;
  • Combater vetôres mecânicos (baratas e outros insetos);

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários:

Postar um comentário