A Polícia Civil investiga o extermínio de cães na divisa de Diadema com a Capital. A suspeita é de que uma dupla de dependentes químicos pratique tortura contra os animais na Estrada Pedreira Alvarenga.
O cachorro foi encontrado amarrado em um arame farpado, preso do pescoço até a genitália. O pit-bull foi queimado com cigarro em diversos pontos do corpo, além de ter os dentes quebrados. Os agressores também introduziram um pedaço de madeira no ânus do animal. Apesar da crueldade, o cão foi encontrado com vida.
José Carlos Orlandin, presidente de um centro de reabilitação animal, resgatou o pit-bull no dia seguinte às agressões. “Ele estava muito machucado, mas é muito forte e aguentou. Por isso, o batizamos de Guerreiro”, conta. Orlandin contou que foram necessárias duas transfusões de sangue para compensar as hemorragias e curar a anemia de Guerreiro.
Segundo a investigadora do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) Sofia Maria Zervas, que está à frente do caso, o cão pertencia a uma chácara próxima do local, que costuma ser alugada para eventos. O dono do imóvel teria amarrado o animal em uma guarita. A dupla teria encontrado Guerreiro e iniciado as agressões.
“Falta pouco para chegarmos aos suspeitos. Temos a informação de que eles já cometeram diversos crimes semelhantes.”
Uma moradora que não quis se identificar confirmou que são comuns as agressões aos animais na região. “Já enterrei seis cachorros que foram assassinados. De um deles só encontrei a cabeça.” Ela relata um caso, em Diadema, em que um pastor-alemão foi amarrado a uma árvore, onde permaneceu por uma semana, até morrer de fome.
Especialista rebate má fama de pit-bull
Apesar de possuir fama de violento e perigoso, o pit-bull possui comportamento que, em muitos casos, é reflexo da forma como o dono trata o animal. “Acredito que muitas das agressões contra pit-bulls podem ser justificadas pelo fato de muitas pessoas terem a predisposição de achar que estes cachorros são agressivos”, avaliou Tânia Parra, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Metodista de São Paulo.
“Um cão de guarda ou um cão de briga não é tão amistoso quanto um de companhia. Eles têm o instinto de defesa mais acentuado. Mas isso não quer dizer que sejam assassinos e que ataquem gratuitamente”, salientou a professora.
Ela ressalta que, no hospital da universidade, muitos atendimentos são feitos sem o uso da focinheira no animal, após sinalização do dono de que o animal é dócil. “Nunca fui atacada por pit-bulls durante consultas. No entanto, já fui atacada por um pinscher”, acrescentou.
IMPUNIDADE
A falta de punição é apontada como um dos fatores que mais contribuem para a existência de casos de maus-tratos a animais. “A lei 9.605/1998 enquadra os agressores. No entanto, essas pessoas dificilmente vão presas, pois cumprem penas alternativas”, explicou a advogada Greicy Pantoja, criadora de um site sofre direito animal.
Para a investigadora do DHPP Sofia Maria Zervas, outro problema é a falta de preparo dos delegados para lidar com a questão. “Muitos deles não registram as ocorrências”, comentou. Ela destaca a necessidade da criação de uma delegacia de proteção animal.
Fonte: Diário do Grande ABC
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